Os transportes e as comunicações foram os sectores principais de investimento por parte do Estado. Contra o atraso estrutural que impedia comunicações eficazes entre cidades do interior e do litoral, os governos da Regeneração procuraram modernizar as comunicações do país criando um mercado nacional. Tal política designou-se por Fontismo, palavra oriunda do dinamizador deste movimento de modernização, o engenheiro António Fontes Pereira de Melo.
|
Fontes Pereira de Melo (1819-1887) |
Preocupado com o atraso do país, iniciou uma política de instalação de infra-estruturas e equipamentos: estradas, caminhos de ferro, carros eléctricos, pontes, telégrafo, telefone.
|
Ponte D. Maria (Porto) |
|
Inauguração do caminho de ferro |
|
Central telefónica |
|
Telefone |
|
"O Chora" - o "avô" dos transportes públicos |
|
O eléctrico |
|
Telégrafo |
Como consequência deste investimento nos transportes e meios de comunicação, assistiu-se à criação de um mercado nacional, fazendo chegar os produtos a zonas mais isoladas e estimulando o consumo; incrementou-se a agricultura e a indústria e alargaram-se as relações entre Portugal e a Europa evoluída.
Desta forma, podemos caracterizar as linhas mestras do desenvolvimento da Regeneração do seguinte modo:
- Revolução nos transportes - apostou-se na construção rodoviária e na expansão da rede ferroviária, construíram-se pontes e portos (como Leixões);
- Livre-cambismo - o desenvolvimento económico assentou na doutrina livre-cambista (pauta alfandegária de 1852 que reduzia as tarifas aduaneiras). Fontes Pereira de Melo (para além de ministro das Obras Públicas foi também ministro da Fazenda) defendia que: a entrada de matérias-primas a baixo preço poderia favorecer a produção portuguesa; a entrada de certos produtos industriais estrangeiros (que Portugal não produzia) a preços mais baixos beneficiava o consumidor; a diminuição das tarifas contribuía para a redução do contrabando.
- Exploração da agricultura orientada para a exportação - especialização em certos produtos agrícolas bem aceites no estrangeiro (vinhos, cortiça) bem como inovações agrícolas (arroteamentos, redução do pousio, mecanização, uso de adubos químicos...).
|
Máquinas agrícolas
4. Arranque industrial - apesar do atraso em relação a outros países da Europa, difundiu-se a máquina a vapor; desenvolveram-se alguns sectores da indústria (corticeiro, conservas de peixe, tabaco); concentraram-se empresas em alguns sectores (como o têxtil, por exemplo); aumento da população operária (principalmente no Norte) apesar de maioritariamente não qualificada; criaram-se sociedades anónimas; aplicou-se a energia eléctrica à indústria (já no século XX).
Contudo, o crescimento industrial foi limitado devido aos problemas de base de que sofria a economia portuguesa:
- falta de matérias-primas;
- falta de população activa no sector industrial;
- falta de formação dos operários e do patronato;
- orientação dos investimentos para actividades especulativas e não para actividades produtivas;
- dependência do capital estrangeiro.
|
Comentários
Enviar um comentário